quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Se eu for um suicida...

Se um dia eu for um suicida, quero me lembrar
que fui corajoso, que necessitei de tal arrojo
pra tirar aquilo que me deram com amor,
com uma frieza imensurável.

Se um dia eu for um suicida, não quero me lembrar
que fui um medroso, tendo receio de encarar os obstáculos
que tive na estrada da minha vida
e dificultaram o meu caminhar com tantos tropeços e quedas.

Se um dia eu for um suicida, quero me lembrar
que lutei mesmo que na contramão da vida,
sendo um guerreiro sombrio
do decesso, da desgraça e da destruição.

Se um dia eu for um suicida, não quero me lembrar
que fui um covarde, e que na gélida presença da solidão
descobri o caminho mais curto para o fim do sofrimento terreno
e mergulhar nas águas turvas da morte aquecidas pelo calor do inferno.

Conquista Irreal

Faço de tudo para ser perceptível ao seu olhar, perto de ti sou um bobo, sou palhaço, sou como menino querendo brincar, brincar de amar.
Pois é, foi numa brincadeira que tudo começou, o pobre coração achou de se apaixonar e abriu suas portas que já fazia tempo trancadas sem saber de chave alguma na velha maçaneta, sua cor nem vermelha era mais, na verdade estava difícil até de identificar a coloração do velho coração.
Sempre descontente, desolado e desgracioso permanecia o velho coração, pulsava tão lentamente que chegou a preocupar, achei que iria parar, seus batimentos cada vez mais fracos era como uma música descompassada sem melodia e com uma harmonia melancólica, me causava inquietude, me vinham lágrimas nos olhos que viam a felicidade dos outros corações.
Não era falta, pois não havia experimentado o sabor da existência de outrem no seu cotidiano como os inúmeros corações enamorados, jamais tinha sentido algo diferente nos seus sentidos que o fizesse pulsar de um jeito especial, num momento que tornasse único em seu ciclo vital.
Foi então que a visão acusou a presença de uma verdadeira beldade, era realmente esplêndida sua beleza exterior, minhas pernas trêmulas começaram andar em direção daquela formosura majestosa, bela como os lírios do campo, notável como as orquídeas, onde meu olfato notou que seu odor era como o de rosas aromáticas de um jardim jamais tocado por mãos humanas, cultivadas pelo grandioso Deus. Minhas mãos queriam tocar-te, tal graça e perfeição eram reais e sensíveis como uma seda, sua voz terna me encantava, era a melodia que faltava na música da minha vida, logo então meus lábios encontraram os dela, seus beijos emanava o mel do amor, sua boca tinha uma suavidade inexplicável, fazia o tempo parar.
Ela trouxe ao velho coração um sentimento peculiar, a chave que precisava para abrir as portas para o amor, e não seguir mais na desventura de viver trancado na solidão olhando a felicidade alheia pela vidraça embaçada do meu peito. Pelo menos em sonho aconteceu, coração é assim mesmo; não tem os pés no chão.

Em breve, um ponto final

Chegaram os dias em que tu contarás os meus últimos dias, perdi o desejo de viver, não tenho mais anseios que outrora me impulsionavam a desafiar os piores daqueles maus dias. Até que eu queria prosseguir em vida, realizar tudo que almejava, ser melhor a cada amanhecer, ser reconhecido, bem sucedido, mas nada do que planejei deu certo e tudo está invertido. A máscara de alegria logo cai da face à meia-noite quando todos estão regozijados pelos seus dias cansativos e cheios de glória, à meia-noite é quando minha inabalável fortaleza vai ao chão, à meia-noite é quando o silêncio tira meu sono com gritos altissonantes, à meia-noite é quando percebo que a solidão é a companheira, à meia-noite é quando me calo e lágrimas falam ao longo da madrugada, à meia-noite é quando fecho os olhos e te vejo em minhas únicas lembranças, pois minha saudade tem nome e sobrenome, uma nostalgia tão graciosa e elegante, um símbolo de sabedoria e paz, vigor e robutez, à meia-noite é quando minha realidade vem à tona, tornando o quimérico em palpável, à meia-noite é quando minha angústia se torna palavras, à meia-noite é quando escrevo e a aflição tem sentido num pedaço de papel, à meia-noite porei um ponto final em vez de reticências, então tudo à meia-noite se findará.